sexta-feira, setembro 02, 2005

DisAster

Para o primo Ron, que sugeriu ( e muito bem ) o tema para este post.


Este blog é um espaço criado por dois amigos, onde deixam as suas opiniões acerca de diversos assuntos, para que outros ( amigos e não só ) possam ler e contra-opinar sobre essas mesmas. Depois de um Agosto enferrujado, está na hora de meter mãos-á-obra e voltar á carga. Sabemos que os textos apresentados podem não agradar a todos, mas não queremos ser, nem somos, senhores da razão. Respeitamos a individualidade e liberdade de expressão de todos, começando pelo nosso direito de falar sobre tudo livremente… se alguém se sentir lesado ou ofendido com o que ler aqui, tem duas hipóteses – ou deixa comentário ou pode ir á merda.

Confesso que se houve banda que me “despertou a sério” para a música (e me fez pegar na guitarra ) foram os Guns n´Roses, que não são, definitivamente, o melhor exemplo a ter em conta para o que vou escrever daqui em diante, bem pelo contrário. Mas as pessoas mudam, evoluem. E se é um facto que os G n´R representavam o expoente máximo do Glam e do ser Rock Star, também é um facto que existia música para fundamentar tudo aquilo – ou seja, não era só fachada. Não sei se terei uma costela de Ian Mckaye ou de Fat Mike, mas nos últimos 5/6 anos, tudo o que ultrapassa a “música pela música”, para mim, deixou de fazer sentido – não sou fundamentalista ao ponto de ser anti venda de merchandise, não fazer vídeos, criticar todas as bandas das majors ou os concertos em grandes espaços, não vou assim tão longe. Mas quando as bandas se tentam promover pela aparência e por factores extra música, faz-me uma certa confusão – e isto leva-me aos Disaster ( deveria dizer The Aster, era? Não estou a dizer nada de incoerente, mas de qualquer modo, tanto me faz… )

Para mim, o Emo está para o Punk Rock como o Glam está para o Heavy Metal. Aliás, é mentira, nem isso é, não chega a tanto. O Emo não tem nada a ver com Punk Rock, como aqui irei provar. É certo que podem existir algumas coisas que são similares, no que diz respeito a sequências e progressão de acordes, duração das músicas e outros pequenos detalhes (mas…então e o Pop? e o Rock? Não vai tudo dar ao mesmo?), mas numa análise mais atenta, qualquer pessoa se apercebe que as possíveis semelhanças não passam de tristes coincidências, e que o Emo será mesmo o exemplo perfeito da antítese do Punk Rock e de tudo o que esse espírito, tudo o que essa designação engloba.

Deixando então os metaleiros de parte, que isso são contas de outro rosário, vamos focar-nos no que me traz hoje aqui - as bandas de Emo, mais precisamente os The Aster, banda cujos elementos conheço pessoalmente, e que, não tendo nada contra eles enquanto pessoas ( nunca me fizeram mal algum ), tenho tudo contra aquilo que a banda em si representa, ou quer representar. Quer dizer, sem querer pegar já no facto de todas essas bandas soarem ao mesmo, os seus elementos parecem todos provenientes do mesmo molde, são todos iguais! O cabelo a cair para os olhos ( com aquele aspecto de ter sido lambido por uma vaca ), o(s) brinco(s) á indígena ( que também serve para colocar o cigarro numa emergência ), a t-shirt justa com uns dizeres cool, a calça bonita com a dobra pra fora e uns Converse All Star ou uns Vans Old School a compor o figurino ( alguns têm a tatuagem estratégica, para dar o toque de classe ). Todos juntos formam um exército de meninos bonitos, com uma imagem cuidadosamente estudada e composta, para que haja uma maior e mais fácil aceitação por parte do público – e das miúdas, convém não esquecer ( e aqui, se estamos a falar de Punk Rock, já entrámos várias vezes em contra senso ).

Fora o aspecto e os instrumentos bonitinhos, a atitude também não é a melhor. O espírito underground de ajuda mútua entre bandas é algo que não conhecem, pois desde o facto de não emprestarem instrumentos ou amplificação a certas bandas até ao desistirem de concertos em cima da hora e deixarem a organização, outras bandas e público pendurados, eu já vi de tudo. Optam por um pseudo-elitismo e por uma pose de superioridade que não lhes fica particularmente bem. São meninos, são posers e, não o sendo, já têm atitude de Rock Star – sem qualquer motivo para tal pretensão, pois as provas dadas musicalmente ( que é o que interessa nestas coisas) são inexistentes – se alguém tiver dúvidas acerca disto, recomendo a ida a um concerto, ou oiçam as músicas na net, e depois falamos! O cuidado com o visual estende-se aos concertos, onde os saltos coordenados e a pose artística faz parte do evento ( não, não estou a falar de uma boys band ou dos DZR´T… ou estou? Agora fiquei baralhado…).

Se o Emo tem mesmo que ser englobado no Punk Rock, então está condenado a ser para sempre o parente pobre deste género musical. Nenhum dos princípios básicos e fundamentais do Punk Rock ( o ser contra o sistema, contra a ideia de estética, o DIY, etc. ) se encontra no Emo, baseado exactamente no oposto, desde as letras sentimentalonas ao aspecto premeditadamente “limpinho” dos seus executantes. Alguém se esqueceu de dizer aos Aster que Punk Rock não é uma moda, que nada nesse universo foi criado para engatar miúdas ou vender discos e t-shirts, que estar numa banda e ter uma aparência fabricada não é uma cena cool, bem pelo contrario. Mas pior será se nada disto foi planeado, se eles são naturalmente assim. Então o caso é seriamente grave e está para lá de qualquer ajuda, reflexão ou retiro espiritual.
Digo, e voltarei a repetir incessantemente, as vezes que forem necessárias - o movimento Punk Rock português é uma anedota desde o final dos míticos Censurados. Mata-Ratos, Tara Perdida e restante velha guarda apenas se arrastam e são uma sombra de outros tempos, os Easy Way e restante nova geração ainda procuram uma identidade própria, os pseudo-Hard Core Devil in Me e afins preferem apregoar que são uns tipos muito mauzões do que fazer boa música…e o expoente máximo da macacada nacional, os Fonzie, podem dormir descansados, pois a continuidade da merda que começaram, deste circo do faz-de-conta-que-somos-Punks, está assegurada enquanto todos os Dis-Aster de Portugal andarem por aí.

Um dos Soundgarden, não me lembro qual, assinava as suas músicas como “You make me sick, i make music” ou algo deste género. Não, não pensem que vim para aqui dizer que faço música –nada disso! Mas gosto muito de música, e quando vejo bandas a utilizar a música como camuflagem e como um meio para atingir uma série de outras coisas, fico… melindrado!

Bom Fds, Muitas Minis!

Comments:
Devil in Me é do fior... Parecem os Madball de Pinheiro de Loures. Ou seja, os Madinheiro.
 
Omar dixit:

"We are really tired of those labels and questions," says guitarist, co-founder and producer Rodriguez-Lopez.

"Concept album? How can any huge project that takes up most of your life for a year not have a concept?

Prog? How can any innovative, forward-thinking art or music not be progressive?

It reminds me of when I first heard the label "Emo," which was the most ridiculous label ever.

How can anything you put your heart and soul into not be emotional?"
 
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