quinta-feira, junho 02, 2005

Ser Super não Implica Ser Sailor…( parte 1)

Após testemunhar a violência de um concerto de Punk Rock no seu habitat natural ( traduzindo – concerto dos Whiskey Dancers numa casa okupada em Mem Martins, algo de indescritível, só mesmo visto…- deixem comentários, façam um abaixo-assinado a pedir ao Cheech para explicar a confusão que foi, eu prefiro não opinar sobre esses assuntos! ), deu-se a violência de me levantar de madrugada, num feriado, de modo a partir para Paris de França, posteriormente para Deauville, para participar numa violenta regata ( se acham que estou a exagerar ao chamar “violenta” a uma regata, façam uma, e depois conversamos! ). Na capital da arrogância estava um calor inadmissível para uma capital europeia, e ar condicionado é um conceito alheio aos franciús, pois não se conseguia estar em lado nenhum sem ter enormes gotas de suor a escorrer, e consequentemente, uma constante sensação de desconforto.

Eram umas 15h, e visto que o comboio que nos levaria a Deauville só ia arrancar ás 18h, um dos génios que integrava a comitiva lembrou-se de correr meia Paris a pé, sob aquele calor, que a essa hora eram uns bons 30/32 graus, e de mochilas ás costas, qualquer coisa á volta de 30kg de peso. Eu até gosto de andar e de conhecer sítios novos, mas tenham paciência! Aquilo em tudo se assemelhou a uma travessia de deserto, tipo prisioneiro a caminho das galés. Horrível, horrendo, mas mal sabia eu que isto ainda não era nada… Uma sesta no comboio deu a ideia que a Normandia era mesmo ali ao lado, e a chegada foi a confusão esperada, quando se juntam 400 pessoas dos 4 cantos do mundo e quando os elementos da organização do evento falam tão bem inglês como eu falo francês – não é zero, mas é pouco mais que isso! Hotel, jantar e estava na hora de ir beber qualquer coisa antes de dormir – pediram-me quase 4€ por uma mísera imperial ( isto no café da estação, que era a única coisa aberta no raio da vila ), e como considerei que para pagar isso mais valia ser assaltado, fui directo ao hotel, carregar baterias para o primeiro dia de comb… de regata!

O primeiro dia de corrida aquática até foi engraçado. Puxa cabo, larga cabo, ora vai prá esquerda ora vai prá direita do bote ( eu podia dizer bombordo e estibordo, mas não quero confundir ninguém…), iça vela, recolhe vela… tão a ver o filme, né? Amigos, aquilo, visto na TV, até parece fácil, desporto típico de betinhos, certo? Errado meus! É dureza andar ali umas quantas horas a dar o corpo ao manifesto, a beber pingas de água e a comer uma bolachita quando o rei faz anos – espertos foram os rapazes da equipa irlandesa, que cagaram de alto para a regata, e passavam o dia a beber fresquinhas e a apanhar sol no bote! Fim de corrida, dia de passeio. De Deauville a Trouville era apenas uma ponte de distância, e eu e o Chef Sousa decidimos ir investigar, pois o dia estava bom pra caminhadas. O calor abrasador até passou meio desapercebido, pois a indumentária era mais fresca, nada de mochilas, e dava pra ir parando nas esplanadas á beira-rio e ir bebendo umas e outras para refrescar. A noite chegou com a jantarada de grupo, qual casamento, com a animação a cargo a banda de Mr. O – uns clássicos, extremamente bem-humorados, que deram ao jantar um fabuloso ambiente de festa. A noite ainda foi longa, veio mesmo a revelar-se longa demais…

Ficamos no recinto até acabarem os barris de cerveja e seguimos, eu e o Chef Sousa, até Trouville, na esperança de encontrar um bar aberto, mas foi mentira, nada de bares – raio dos franceses, vão todos cedo para as palhas! Ao pedirmos informações a uma moça, qual não foi o nosso espanto quando, além de nos indicar aquele que era o único bar aberto, ainda teve a gentileza de nos dar boleia – isto, aqui no burgo, era simplesmente impensável, acho mesmo que nem a informação nos teria sido dada. Bar á porta fechada, com ambiente de filme esquisito – hooligans a jogar snooker, lésbicas a comerem-se em altas no balcão ( inclusive a moça que nos deu boleia! ) e outras espécies estranhas, tudo isto a juntar aos dois empregados, que pareciam saídos de um vídeo dos Take That. Fomos para o hotel, já não eram horas de estar acordado, tendo em conta que dali a alguns minutos íamos voltar ao veleiro, para o segundo dia de prova.

Continua.

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