segunda-feira, maio 02, 2005

Down in a Hole

A 20 de Abril de 2002, foi encontrado no sofá de sua casa em Seattle, o corpo sem vida de Layne Staley. Mítico vocalista dos Alice in Chains, Layne tinha apenas 34 anos, mas já contava com um longo historial sucessos e de problemas relacionados com a dependência das chamadas drogas duras. Um problema que, aparentemente, nunca fez grande questão em resolver de forma saudável ( o álbum Dirt é todo ele um exemplo da forma como Layne lidava com as drogas, naquela que era uma relação mais de amor que de ódio ) e que levou a sua vida a ter um final precoce. Homem de variados talentos, com obra deixada não só na música, mas também a pintura, a escultura e a escrita, começou na bateria, onde ficou até aos 12 anos. Mais tarde, enveredou pelo canto, e foi vocalista de diversas bandas de Glam Rock nos anos 80 ( a última chama-se Alice N´ Chains, definida como uma fusão entre o Glam e o Death Metal, vá-se lá saber como…), até conhecer Jerry Cantrell numa festa, em 1987.



Cantrell apresenta a Layne dois amigos, o baterista Sean Kinney e o baixista Mike Starr, e é com esta formação que, no mesmo ano, nascem os Alice in Chains. Encurtando uma longa história, seguiram-se o platinado Facelift ( 1990 ), o multi-platinado Dirt ( 1992 ) e o homónimo Alice in Chains ( 1995 ), a edição de dois EP´s - Sap ( 1991 ) e Jar of Flies ( 1993 ), que juntamente com milhares de concertos pelo mundo todo, fizeram da banda uma incontornável referência musical dos anos 90. Apanhados no meio do turbilhão que foi o movimento de Seattle, foram automaticamente etiquetados de Grunge ( já passaram 15 anos e eu ainda não sei bem o que é isso do Grunge, mas não me parece que os AIC tenham muito a ver com o caso…), o que lhes valeu algum do mediatismo e protagonismo conseguido – a velha história de estar no lugar certo na altura certa. Mas esta proximidade ao dito movimento ( mais geográfica que sonora ) em nada compromete a particularidade musical da banda, que sempre se distinguiu por ser a mais Heavy das bandas de Seattle, o que lhe valeu tours com Metallica, Megadeth, Slayer, Pantera e presenças várias no festival itenerante Clash of the Titans.



O evoluir da dependência de Layne fez com que a banda deixasse de dar concertos após 1995 ( contam-se pelos dedos das duas mãos os espectáculos realizados após esse ano ), e levou a banda a um estado comatoso, durante o qual muito se especulou acerca de um possível final, mas esse só veio a acontecer após o falecimento de Layne. Com Mike McCready ( dos Pearl Jam ) gravou Above, num projecto que dava pelo nome de Mad Season ( designação utilizada para definir a melhor altura de apanhar cogumelos – não, não são esses que acompanham os bifes… ), e mais tarde, com Tom Morello ( ex- RATM, agora nos Audioslave ) gravou uma versão de Another Brick in the Wall part II, para a banda sonora do filme The Faculty. A arte de Staley, em forma de esculturas, pode ser apreciada na sede da Layne Staley Fund, e alguns dos desenhos e pinturas podem ser vistos nos discos de AIC ( o sol, logo da banda, é obra sua ) e de Mad Season.



Apesar de a sua especialidade não serem os instrumentos de cordas, criou algumas das mais marcantes canções dos AIC, como Hate to Feel, Junkhead ou Angry Chair, mas o seu talento como compositor destacou-se nos poemas únicos ( perturbados e perturbantes ) elaborados para acompanhar os riffs de Jerry Cantrell. Controverso e inspirador, heroinómano assumido e frontman de qualidades únicas, dono de uma senhora voz, Layne deixou legado e marcou as gerações seguintes. Pena é que as bandas que publicamente assumem influência dos AIC não estejam á altura da fonte de inspiração ( Godsmack, Creed e Staind, entre outras ). No passado mês de Abril, o aniversário do desaparecimento do músico foi celebrado numa já habitual vigília em Seattle, e em Agosto, no dia de aniversário de Staley, terá lugar a quarta edição de um concerto de tributo á sua obra, revertendo os lucros do espectáculo para o Layne Staley Fund. Passaram já três anos desde o desaparecimento daquele que Cantrell definiu como “(…) a pessoa mais introvertida, generosa e genial que tive o prazer de conhecer.”, mas a sua vida e o seu trabalho não foram nem serão esquecidos.

“Am I wrong? Have I run too far to get home?
Am I gone? And left you here alone?
If I would, could you?”

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