quinta-feira, fevereiro 10, 2005

My Generation

Sabendo que vou surpreender algumas pessoas, espero que este post agrade a todos. Havia muito para dizer ( e não vai ficar tudo dito ), como tal, o texto será dividido em duas partes ( para não saturar ninguém – esta é para ti Jójó! ). É um regresso a um passado recente e um tributo ao mesmo tempo. Faltam poucos dias para que se celébre a passagem dos Nirvana por Portugal, e cerca de 2 meses para chegarmos ao aniversário da morte de Kurt Cobain. Já lá vão 11 anos, e passado todo este tempo, ele voltou a entrar na minha vida, desta feita, através do livro “Odeio-me e quero morrer”. Após poucas páginas, relembro, com uma certa nostalgia, os primeiros anos dos 90´s, o surgir de todo aquele movimento cultural, a excitação de estar a presenciar algo novo e importante, o prazer de fazer parte de algo que estava em pleno crescimento.



A liderar a poderosa locomotiva, que saía da zona de Seattle a todo gás para conquistar o planeta, estava um rapazito enfezado e louro, de barba por fazer, com roupa suja e esburacada, que tão depressa sussurrava de modo quase impercéptivel, como vociferava a plenos pulmões. Não haviam cá lacas e calças de cabedal, não havia espaço para palcos gigantescos nem tempo para intermináveis solos de guitarra, nada de rock stars afectados e posers, zero mariquices e cliches do Hard Rock / Heavy Metal. Foi um pontapé nos tomates do mainstream, veio para matar os horríveis anos 80. Era música feita por pessoas reais para pessoas reais. Apareceu do nada, varreu tudo como um furacão, virou moda e desapareceu com a mesma rapidez com que tinha aparecido. Cru e duro, com a mesma atitude e energia ( a expressão bateu forte e passou depressa aplica-se perfeitamente ), o Grunge foi o renascer do Punk, mas em versão anos 90.

Entre desabafos, entrevistras, e comentários de alguns ilustres, encontro, facilmente, mil razões para o fascínio que ele causou entre quase todos os jovens da minha geração. Viviam-se tempos de indefinição, era uma geração sem identidade cultural, que sobrevivia das sobras da década anterior, uma década vazia de conteúdo, onde a imagem era tudo e a mensagem inexistente, uma década governada por heróis pré-fabricados, exportados para o mundo pelo monstro MTV. Cobain foi a pessoa certa na altura certa. É o típico anti-herói, o gajo da porta ao lado, e é, sem dúvida, o personagem mais carismático da década passada. Por tudo isto, apesar de toda aquela aura negativa e depressiva que o circundava, é perfeitamente compreensível o motivo pelo qual muitos o adoram ( sim, ainda hoje ) e o vejam como um semi-deus. Muitos sim, todos não.

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Numa outra comparação com o Punk do final dos 70 ( e estabelecendo as devidas diferenças ), vejo os Nirvana um pouco como os Sex Pistols, no aspecto em que, apesar de serem eles quem mais chamou a atenção para o respectivo movimento, nem por isso eram a melhor banda. Nunca fui o maior fã de Nirvana, longe disso ( dentro do chamado Grunge, as minhas primeiras escolhas foram sempre os Alice in Chains e os Soundgarden, e até acho bem mais piada aos Foo Fighters do que aos Nirvana ). Mas sempre que falo sobre eles com alguém, especialmente se for da minha geração ( a geração Nirvana, quer gostem ou não ), e digo “reconheço a sua importância e a sua qualidade, mas, mesmo na altura, nunca foram a minha banda preferida”, recebo sempre um olhar de desaprovação, do tipo “deves ter a mania que és diferente...”.

( continua )

Comments:
Pois eu lamento mas eu é mais Emerson, Lake and Palmer, Who e assim. Sou mais da geração cota
 
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