quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Manifesto Anti-Carnaval

Tinha pensado vir aqui dizer uns disparates acerca do Carnaval, contar umas macacadas com piada, que tivessem acontecido nestes dias, mas mudei de ideias. Ao contrário de anos anteriores, onde até me consegui divertir bastante, este Carnaval reforçou tudo aquilo que sempre pensei acerca da ( mal) dita festa. O Carnaval é uma festa opressora e anti-democrática. Não? Pensem bem, é que no Carnaval é obrigatório andar bem disposto e divertido, durante aqueles 4 dias, todos temos que gostar de samba, todos temos que levar com bisnagadelas ou com apitos ao ouvido e responder sempre com um sorriso. Isto sob pena de sermos postos de parte. É Carnaval, ninguém leva a mal? O caraças é que ninguém leva a mal! Dispenso perfeitamente os vários tipos de poluição sonora destes dias e o levar com água all night long, principalmente com o frio que está!

Todos aqueles menos apreciadores destas touradas ( como eu ), são sempre olhados com desdém, além de serem constantemente massacrados com piadinhas repetitivas, alusivas á ausência de máscara. Mas está escrito em algum sítio que é obrigatório sair mascarado para me divertir no Carnaval? Existe uma lei que me force a gostar do Carnaval ao ponto de me obrigar a utilizar a porcaria de um disfarce para sair de casa? E, sinceramente, é essa atitude de merda, tida pela generalidade dos foliões, que me faz gostar cada vez menos do Carnaval. E o que dizer sobre o típico rapagão que se veste com trajes femininos e dá largas á sua alegria? São, salvo raríssimas excepções, aqueles rapagões homofóbicos, todos muito machos, que se enojam de dar ou receber um beijo de outro homem, mas que não se importam nada de passar por puta durante 4 noites. Recalcamentos? Procurem ajuda profissional ou tratem de assumir o que aí vai dentro.

No Carnaval, especificamente no de Torres Vedras, acontecem coisas surreais, como pedirem 2 € por um copo de plástico com cerveja morta. Também acontece extorquirem dinheiro aos contribuintes para estes poderem atravessar vias públicas ( 5€ !!!!! ), tudo isto devido á passagem do corso. Então e aqueles que se estão cagando para os desfiles? Com que direito se vedam ruas? Quem são os senhores da CM de Torres Vedras ou da organização do Carnaval torreense, para determinarem em quais ruas a população portuguesa pode ou não circular livremente? Que eu saiba, num país livre, não se criam barricadas nas ruas por causa de uma festarola tonta, não se condicionam os acessos a todos por causa das brincadeiras de alguns. Querem cobrar entradas? Criem recintos próprios para os cortejos ou então utilizem os milhares de recintos e espaços mal aproveitados espalhados pelo país ( e em Torres existem mesmo várias alternativas ), agora cobrar pela utilização de ruas é, no mínimo, de muito mau gosto.

Já o disse anteriormente, vivo num local onde se vive intensamente o Carnaval, e, devido á proximidade e outras condicionantes, a visita ( pelo menos uma ) ao Carnaval de Torres é certa, sagrada e divertida. Mas este ano, apesar de várias tentativas para animar a coisa ( sucessivamente boicotadas por indecisões ou por más decisões ), tudo correu de modo a reforçar a minha opinião acerca do Carnaval. Tal como na passagem de ano, é exercida uma pressão natalícia sobre as pessoas, não no sentido de sermos bonzinhos e solidários, mas existe aquele dever de ter que ser especial, de ter que ser divertido, e preferencialmente mascarado. Essa obrigatoriedade acaba, geralmente, em plano furado, tão grande é a expectativa que se cria á volta de tudo isto. Gosto pouco desses ballets, não gosto de me mover a contragosto e essa obrigatoriedade é ridícula.

Existe o direito á diferença, está salvaguardado na constituição. O Carnaval que se foda!

Comments:
Bom...mas que tenha cuidado, senão lá vamos ter nós muitos carnavaizinhos...
 
Cá para mim ficaste fodido de ninguém de apalpar o cú.
 
Bolas! Nunca pensei que alguém conseguisse descobrir tão rapidamente o verdadeiro motivo deste post. Parabéns cobardolas...hrrr, ups- queria dizer anónimo!
 
Se fosse eu que mandasse acabava com os feriados todos!!! Abração minizinha...
 
Concordo contigo no que se refere à piadola repetitiva do "não estás mascarado".Não concordo contigo com a teoria do carnaval ser anti-democrático, talvez o carnaval esteja ,como várias coisas, a ser aproveitado para uma oportunidade de negócio.Isso sim é condenável.Fazer de uma festa popular um negócio é absurdo mais a mais numa altura em que cada um conta os seus trocos mais que nunca. Mas minizinha, não é do teu agrado vêr a felicidade dos outros??Nem que seja por isso!Não,não se foda o carnaval!Sabes bem que há pessoas que não aproveitam o carnaval para dar azo ás suas ambições femininas!Não é bom rever o master Ruud Gullit?Não é bom rir à parva com as figuras idiotas de gajos completamente embriagados?Então??O carnaval até nem é assim tão mau!Cheers!
 
Ps:Live in a dive de Lagwagon já cá canta!!E canta bem,por acaso:)
 
Grande Selvagem- eu dei esta conversa toda e nem sequer entrei, fiquei-me por aquela tentativa de sábado a tarde.

Bro Cheech - faço um mea culpa, bem vistas as coisas o "que se foda" é capaz de ser exagero. Confesso que ainda me ri bastante, mas o divertimento não superou a minha indignação. Rectifico então " O Carnaval, nestes moldes capitalistas e com mascarados chatos, que se foda"

Espero ter esse live dos Laggies em mãos antes do dia 10 deste mês, senão temos estalada!
 
Não posso concordar. Democraticamente, todos somos livres de ficar em casa, sem ter que sair à rua mascarados. Aliás, se a maioria gosta de Carnaval e se os sítios de diversão apoiam a iniciativa, não vejo nada mais democrático: ganhou a maioria. Já quanto a Torres e suas ruas cobráveis: nem toda a gente vive em Torres; o povo de Torres não se queixa; ou seja, só entra e paga quem quer. Além disso, se toda a gente paga para entrar em discotecas, durante o ano inteiro, não me parece exagero contribuir com 5 euros para que festas destas, organizadas por populares com apoios camarários, sim, mas raramente lucrativas, continuem a existir. Eu gostei! E para o ano pago mais 5 euros, é certinho. A não ser que o preço aumente.
 
As opiniões são como as pilas, cada um tem a sua!

Superminizinha
 
Agora mais a sério: nos regimes democraticos, mesmo quando a maioria ganha, a minoria tem o direito de sair de casa como quer, de frequentar os locais de diversão e ser respeitada, pois, se não importuna ninguem tem o direito de nao ser importunada, seja carnaval, pascoa, o que for. nao te parece chi?
 
Quanto as ruas a pagantes: meu caro amigo, se é verdade que so paga quem quer, tambem e verdade que nao me sujeito a isso e tenho direito de me queixar acerca do assunto. E, sinceramente, pago mais facilmente para entrar numa discoteca durante todo o ano(onde nao me chove em cima, consigo ver melhor quem passa e arrisco-me a ouvir uma musica com que ate posso simpatizar ),do que para andar na rua a chuva, no meio de um monte de bebados e a ouvir musica de merda durante horas. POrque em sobrelotação e preços inflacionados está ela por ela.
 
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