terça-feira, novembro 30, 2004

Punkices, 2º volume



“Essa merda é toda igual, 3 ou 4 acordes, sempre a mesma batida e cá vai disto!”
Este é o comentário típico de quem desdenha, de quem não conhece (ou conhece pouco/mal) ou de quem se acha melhor musico do que todos aqueles que tocam punk, ou melhor, o chamado Punk Rock. Neste 2º volume de Punkice, vamos falar sobre isso mesmo, a música. Não sobre a mensagem transmitida (teremos aqui um volume de Punkices destinado a isso), é apenas e só sobre o que é, e como é, tocado.

Como em todos os estilos musicais, também por aqui existe diversificação e qualidade. Ao contrário do que alguns iluminados apregoam, e muitos assim o julgam, o universo da musica punk não é só “meia bola e força”, não é tudo igual. Emo, Ska, Hardcore, Softcore, e mais umas 6 ou 7 designações, podem ser utilizadas para especificar e subdividir o Punk Rock em outros tantos estilos (voltamos a ser forçados a ter que atribuir um nome a tudo, que é algo com o qual não concordo, mas por vezes é necessário para nos fazermos entender. Isto desde que não seja aquela conversa do proto-alguma-coisa, porque não compro nem acredito em conceitos criados fora de tempo, ou seja, esse tipo de conceito foi criado para definir uma banda ou estilo, mas sempre fazendo referência a um tempo passado, pois nessa altura, esse estilo ou essa banda eram incluidos noutro lado qualquer, e para mim, para trás mija a burra, prá frente é que é caminho, por isso...), mas vou evitar essa especificação, vou evitar ir ao pormenor de tudo isto, principalmente, para não transformar este post num testamento.

Pela quantidade de “ramificações”existentes, podemos desde já concluir, que básico é uma palavra pouco adequada para adjectivar o que quer que esteja ligado ao Punk Rock. Simples sim, mas básico não. Sem querer entrar no campo das motivações e das ideologias, vou utilizar o exemplo dos Ramones para explicar o ser simples. Aquilo é, realmente, fácil de tocar. É natural, estamos a falar de rapazes que mal sabiam o que estavam a fazer (o Johnny Ramone sempre assumiu que aquilo, ao princípio, era bastante limitado, tudo porque ele só sabia fazer power-chords), estamos a falar dos anos 70 e de ser contra todo aquele virtuosismo das bandas de Hard-Rock e de Heavy Metal, do início do D.I.Y. ( Do It Yourself). Além de tudo isto, eles vão ter sempre na mão o ás de trunfo- fácil ou não, ninguém se lembrou de fazer aquilo antes!

Fora os The Clash, magistrais e inovadores – únicos mesmo!- a evolução do Punk Rock, nos primeiros anos, foi sempre aos solavancos. No início dos anos 80, mais nos States, o passo dado foi aumentar a velocidade.Minor Treath, Black Flag, The Misfits, Bad Religion (sim, nesta altura já havia B.R.!) e outros tantos, trataram de ligar o turbo ao Punk Rock, tornando desse modo o som (ainda) mais agressivo. Veio um período de alguma estagnação no meio da década de 80, com o fim dos The Clash e de muitas bandas da 2ª e da 1ª geração, que só foi superado em 1988.

“Suffer foi o album que me fez ver tudo de maneira diferente”. As palavras não são minhas, são do Fat Mike. Estamos em 88, e Suffer é o cd que faz com que o Hardcore melódico/ Punk Californiano (existem mais designações, é só pesquisar e escolher a que mais lhe agrade...) alcance novas plateias. Era um novo tipo de punk, com muita velocidade e tecnicamente perfeito, e a inovação foi, sem duvida, a harmonia e a melodia, algo que apenas esporadicamente tinha sido explorado pelas bandas do tal “movimento punk”. Desta nova vaga, destaco, sem favor nenhum, os NOFX e Pennywise (pois, por serem as que mais gosto, afinal este é o meu blog!).
Daqui até aos nossos dias, o universo do Punk Rock, sofreu alterações quase constantes. Tantas e tão variadas que neste momento podemos dizer que há bandas de Punk Rock para todos os gostos, o que não é necessáriamente bom, mas também não quer dizer que seja mau.



Para falar de Punk Rock, é essencial falar de Nova Iorque, apesar de já ter mencionado os Ramones. A cidade que nunca dorme tem, como em tudo o resto, um estilo muito próprio de abordar o Punk. Desde os New York Dolls, que apesar de todo aquele glam já davam um cheirinho do que estava para vir, até aos H2O, passando por Gorilla Biscuits (mais tarde CIV), Youth of Today, Agnostic Front, Madball ou Sick of it All, e sem esquecer os Dog Eat Dog, os míticos Biohazard e, claro, os Beastie Boys, a “cena “ de Nova Iorque pode ser interpretada como a linha dura do Punk Rock e/ou dos seus derivados. Tem um som mais sujo e mais agressivo, uma atitude mais Punk do que Rock, mas nem por isso os rapazes são maus instrumentistas ou musicos limitados.

Falar de Punk Rock não é falar de matemática, aquilo não é uma ciência exacta, ao contrário do que muitos gostam de fazer crer. O tempo do “três acordes e uma batida” existiu, mas já passou há muito muito tempo, ou quando aparece é totalmente intencional. É que, para se fazer boa musica, para se criarem boas canções, não é necessário passar anos no conservatório, não é preciso saber ler uma pauta, basta talento e imaginação (o grande Chico Science disse qualquer coisa como “(...) cadê as notas que estavam aqui? Não preciso delas, tudo o que interessa é que soe bem ao ouvido”). Um exemplo disso, uma prova? Conhecem Anarchy in the U.K.? Então acho que não preciso de dizer mais nada, e se não conhecem apenas digo que tenho muita pena de vocês. Também é preciso ter em consideração que estamos a falar de algo onde, em grande parte dos casos, a musica é apenas um meio para atingir um objectivo, o de passar a mensagem, mas isso, como disse anteriormente, será explorado num terceiro volume de Punkices.

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