quinta-feira, outubro 13, 2005

The Fuse


Antes de qualquer outra coisa, para que a apreciação a este albúm seja feita do modo mais correcto, é necessário ter em conta os seguintes factos:

1º- Os Pennywise nunca recuperaram totalmente da morte de Jason M. Thirsk, fundador e elemento chave no que diz respeito a criatividade e produtividade, quer lírica quer musical.

2º - Será muito difícil aos Pennywise superarem o trabalho feito nos primeiros álbuns, por diversos motivos. Então se nos cingirmos a About Time, Full Circle e Straight Ahead, passa a ser missão impossível.

3º- No Punk Rock, a fórmula é conhecida, está gasta, e a validade (por melhor que seja a banda) perde-se num prazo de curtos anos ou de álbuns, e os Pennywise já gastaram os créditos deles. O tempo não volta para trás, e com um motor a menos, a banda foi forçada a tentar seguir por novos rumos.

4º - Nunca houve uma tentativa séria, ou capacidade, de se reinventarem. E, por estas bandas, das duas, três – Ou o fazes bem (como os Lagwagon), ou o fazes mal (Bad Religion, por duas vezes) ou então a tua banda chama-se Nofx e o processo de reinvenção decorre de forma natural, de álbum para álbum. Após Straight Ahead, houve uma piscadela de olho a uma vertente mais mainstream, um amolecer (ou envelhecer) sonoro, mas nada daquilo lhes saiu bem, basta ouvir os dois álbuns seguintes.

5º- Não houve reinvenção, mas houve um projecto grandioso, que foi de lançar uma triologia, seguindo o mesmo conceito em três álbuns distintos. Ora, toda esta ambição, quando se fica a meio caminho entre o passado e o futuro (em termos de som), quando não se sabe bem o que se quer fazer, ou não se consegue fazer bem o que se idealizou, não poderia nunca funcionar bem.

Posto isto, vamos ao que interessa. The Fuse fecha a triologia composta por Land of the Free? e por From the Ashes. E fecha bem, com chave de ouro, pois é o melhor albúm de Pennywise desde 1999. A aposta nas alterações sonoras não resultou, apesar de terem passado a figurar nas playlist das MTV´s, e a banda optou (e muito bem) por inverter a rumo aos acontecimentos, dando um passo atrás, que afinal veio a revelar-se como um passo á frente.

É, de longe, o albúm mais pesado (mais pesado não quer dizer mais rápido, ok?) da carreira dos rapazes de Hermosa Beach. The Fuse tem guitarradas do Hard Core mais duro, onde se percebe que Fletcher é mesmo fã dos Pantera, linhas de baixo menos trabalhadas mas mais vincadas e imponentes e a bateria de Byron… palavras para quê? É perfeita, mas isso também não é novidade para ninguém, ou não deveria ser.

Knocked Down, Yell Out e Competition Song fazem as honras, e mostram uns Pennywise que, lentamente, vão recuperando a forma dos anos 90. Estas primeiras três músicas tiveram a capacidade de me surpreender, coisa que os Pennywise não me faziam há muitos anos, pois deixaram a previsibilidade e monotonia dos últimos dois álbuns e voltaram a ganhar força. São canções bem balanceadas, com vida e com o regressado ritmo de demolição – a maravilhosa sensação de ser atropelado pela secção rítmica da banda está de regresso! Estas três músicas fazem uma entrada de rompante e atingem os objectivos – cativam o ouvinte para o resto do álbum.

Disconnect é o primeiro single escolhido. Bem escolhido. E digo bem escolhido não por esta ser a melhor música do disco, mas sim porque é a melhor música para efectuar a transição entre este albúm e o passado recente da banda, fazendo com que essa transição decorra suavemente, sem levantar ondas – e a linha de baixo, nos versos, é excelente. The Fuse tem um calcanhar de Aquiles – Lies, a última música, podia ter ficado de fora deste cd, sem que daí viesse grande mal ao mundo. Não sendo uma abominação, não pertence aqui, fica desenquadrada, mas teria encaixado bem em Land of the Free? ou em From the Ashes.

E o restante cd é um desenrolar de bom som, com uns Pennywise revigorados e revigorantes, a lembrarem quem ouve o cd de que eles ainda são capazes de fazer boas canções. The Kids, Best I Can, Dying, Stand Up e Premeditated Murder são disso bons exemplos, mas a nota 10 deste The Fuse pertence a Fox Tv. Excelente riff, excelente refrão, batida alucinante, baixo consistente e letra perfeita. Boa suficiente para figurar em qualquer dos anteriores álbuns dos californianos, boa suficiente para entrar directamente num top 100 das melhores canções Punk da história. E não, não estou a exagerar.

Existe uma melhoria abismal, comparativamente aos últimos dois álbuns da banda. E a avaliação de The Fuse tem que ser feita considerando uma série de factores e condicionantes, alguns dos quais já por mim apontados aqui. The Fuse devolve-nos uns Pennywise em curva ascendente, mas, para continuar nesta toada, o melhor que estes senhores podem fazer é editar um último álbum daqui a um par de anos, e fechar a loja em glória, como uma das 10 maiores referências do Punk Rock dos últimos 20 anos.

Pennywise - The Fuse : 7.8 (0/10)

Comments:
Foda-se..........
 
7.8?? Onde é que arranjaste esta escala?:))
 
Bekx - é a escala Mini Sagres! Quando editares um album eu dou-te nota 10!

Joanssen - Eu sei bem que existem novos caminhos por descobrir, os PW é que não têm qq interesse nisso, ou se o têm não o demonstram. OS PW já não são punk? Essa é de morrer a rir...

O ultimo cd com o Jason é o About Time, as musicas do Full Circle ainda são escritas por ele, mas a gravação já foi feita pelo Randy.
 
Concordo em parte, não acho que seja o melhor album, mas é sem duvida um dos 3 melhores - na minha opiniao,claro!

Não me lembro de nenhum dos PW com penteado radical ou cheio de tattoos... deves estar a confundir com os Good Charlotte ou algo do genero...

Se ha banda anti-sistema e com consciencia politica, quer nacional quer internacionalmente, são os PW. Sabem o que escrevem e do que escrevem. Quanto aos patrocinios... meu, os Nofx, Bad Religion, e tantas outras bandas que tu gostas de Punk (como os Rise Against, por exemplo!), para não dizer todas as bandas de Punk que são minimamente conhecidas, têm patrocinios de "marcas da moda". Isso faz deles menos Punk porquê?
 
Se te deres ao trabalho de ver o booklet que acompanha o "punk in drublic" lá podes ler, bem explicitamente, os patrocinios dos nofx - assim de repente, lembro-me da Arnette, mas têm mais.

E, se queres comparar o punk feito no princípio dos 80 com o de agora... Se achas que o que se faz agora não é punk... manda fora os cds dos rise against e começa a ouvir clash e ramones, pela tua linha de raciocínio, esses devem ser os verdadeiros e únicos representantes do punk.

Os tempos mudam e as sonoridades evoluem, e como tal, não podes estar á espera que o punk dos dias de hoje seja igual ao feito nos anos 80. Como, do mesmo modo, o ar javardão dos primeiros punks (que na altura fazia sentido e tinha uma razão de ser)não faria qualquer sentido nos dias que correm.

Não é por tocares "á pistols" e por usares roupa esburacada ou suhja que és mais punk do quem gosta de andar "arranjado" e faz um som mais actual. E, uma coisa te garanto - os PW são mais punk do que muito boa gente qu por aí anda.
 
Aqui ninguem anda aos tiros por coisa nenhuma, isto e um blog pacifico. Cliches? Mas quais cliches? Isso de ser Punk, nos dias de hoje, tem muito que se lhe diga. Conheço muitos "betinhos" que, pela maneira de pensar e pelas suas acções, são bem mais Punk do que a malta das tshirts de bandas. E esta conversa dava pra estarmos aqui ate ao natal de 2008 sem sair do mm sitio!
 
Essa é a típica afirmação que não merece grande resposta, não maior que esta, pelo menos...
 
Andas muito filosófico... hehehe
 
Meu caro amigo - ouvir ,não! Quanto muito a ler. E obrigado também não, o senhor só aqui vem porque quer! ;-)
 
Eu sei! :-) Não tenho sempre, mas agora foi trigo limpo!!! He he he
 
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