quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Diana Jones and the Vietnam Whiskey Dancers (3)

Tinha chegado o dia da estreia, que seria numa simpática e amena noite de Março. Sexta feira, casa cheia, faltava apenas meia hora para o início do concerto, e Diana ainda não tinha aparecido. Levado pela preocupação, pois não conseguia falar com a namorada, o baterista atravessou toda a vila a correr, para ir bater a porta do T1 de Diana. Ninguém abriu. Horas passaram, concerto cancelado, e finalmente, os bombeiros conseguem arrombar a porta do diminuto apartamento. Diana estava esta caída no linóleo que cobria a divisão principal da habitação, deitada sobre uma poça do seu próprio sangue. O médico legista contabilizou nove golpes feitos com arma branca.

Ernesto conseguiu evadir-se numa 5ª feira á tarde, do estabelecimento prisional do Linhó. Num pulo chegou a Sintra, e, nessa mesma noite, com duas boleias, chegou a uma vila á beira mar. Sem dinheiro, refugiou-se dentro de um barco de pesca, para não passar a noite ao relento. Na manhã seguinte, ao mendigar uns trocos para uma bucha, á porta de uma pastelaria, reconheceu Diana, que entrou sorridente, de mão dada com um rapaz. Diana não o reconheceu. Para Ernesto, a sua sorte acabava de mudar, pois acabava de dar de caras com a pessoa que mais queria encontrar em todo o planeta, a cabra que o tinha denunciado ( mal sabia ele que o chibo tinha sido o senhor Antunes, proprietário da oficina onde Ernesto trabalhava, por estar farto de o ver interromper o trabalho para vender ganzas aos putos lá da rua ). Seguiu-a de uma distância segura, até perceber onde morava a ex-namorada. Depois, esperou o momento certo, e esgueirou-se pelas traseiras do prédio, tendo permanecido escondido na zona das garagens durante horas.

Diana regressava do sound-check, deviam ser umas seis e tal da tarde. Ia a casa tomar um banho e jantar, pois queria estar sozinha e sóbria, concentrada no concerto ( o resto da banda ia para a cave jantar uns frangos, acompanhados com uma palete de Fink Brau, tudo rematado por sobremesa composta de charros de White Widow, visto que a ocasião era especial ). Não ia permitir falhas, naquela que seria a sua primeira grande noite, rumo ao estrelato. Ernesto empurrou-a com força para dentro do apartemento, assim que ela meteu a chave na porta. Antes de ter tempo de se aperceber o que lhe estava a acontecer, já Diana tinha sido esfaqueda por duas vezes, pelas costas, na zona dos pulmões. Quando se conseguiu virar, para tentar reagir e ver o seu agressor, Ernesto golpeou-a mais duas vezes, uma no coração e outra na garganta. O destino de Diana ficou traçado após aquele quarto golpe. As últimas cinco estocadas foram golpes de raiva, dadas num corpo já sem vida.

Ernesto revirou o pequeno apartamento, e encontrou as ecónomias de Diana, escondidas dentro da capa do vinil Road to Ruin , dos Ramones. Era dinheiro suficiente para um bilhete de avião, e para se aguentar uns dois ou três meses, o tempo que precisava para arranjar um emprego e começar vida nova, lá fora, nos States. Já tinha o destino escolhido, ia para New Orleans...

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